
Uma trama, a meu ver, despretenciosa. Tem como figura principal, Amélie, uma garota parisiense, ligada nos detalhes e na simplicidade da vida, criada pelos pais longe do convívio com outras crianças. Quando cresce (agora interpretada pela ótima Audrey Tatou), a jovem perspicaz e de expressivos olhos escuros encontra uma caixinha que guardava mais do que brinquedos, mas recordações da efêmera, porém marcante infância de alguém. Amélie chega à conclusão de que seu “fabuloso destino” é simplesmente praticar o bem para tornar mais bela a vida das outras outras pessoas, e começa a procura pelo dono da caixinha. No entanto, como seu convívio social sempre fora muito restrito, ela se percebe tímida demais para cumprir sua missão. Mas buscará caminhos alternativos – e bastante divertidos – para [con]seguir seu objetivo. Pelos caminhos de Amélie, cruzarão os mais bizarros, fascinantes e inesquecíveis personagens e as mais belas histórias (quando não tão belas em realidade, pelo menos eram no desejo e na imaginação de Amélie). Os personagens vão desde um rapaz que coleciona fotografias 3x4 de pessoas anônimas, até um senhor que não vê televisão porque tem preguiça de trocar os canais. A narrativa é vibrante e a montagem é primorosa, chegando a proporcionar um prazer estético, um maravilhamento que não há outra interjeição que descreva, a não ser uma "Delícia!". No início, o filme faz lembrar bastante o curta brasileiro:"Ilha das Flores". Mas depois Amélie segue seu caminho, numa mistura de fábula, romance e de histórias “como as de antigamente"..daquelas que eu ousaria até dizer que nem existem mais. Ficção, onirismo ou mentira, como queiram denominar a trama do filme, o que fica é a mensagem de que TALVEZ, apenas talvez valha a pena sonhar..